SONETO EQUIVOCADO

Para valer um conto que em si diga

Do quanto vale a pena, do sublime,

Há mais que amar o ódio, comprar briga

Alheia, há mais que cortejar o crime.

Se a vida é sopro, conto ou vil cantiga

Aos lábios dum bufão, é o que é se exprime

O amor que a si transcende e em si persiga

O eterno a cada imagem que redime.

Descemos esse boulevard sem brilhos

À hora azada, sem quaisquer escolhas --

Nossos equívocos são nossos filhos.

Matamos Deus? Foi só bravata? Importa

Passar além, varridos feito folhas

Que um vento faz dançar à nossa porta.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 11/05/2020
Código do texto: T6944413
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