SONETO EQUIVOCADO
Para valer um conto que em si diga
Do quanto vale a pena, do sublime,
Há mais que amar o ódio, comprar briga
Alheia, há mais que cortejar o crime.
Se a vida é sopro, conto ou vil cantiga
Aos lábios dum bufão, é o que é se exprime
O amor que a si transcende e em si persiga
O eterno a cada imagem que redime.
Descemos esse boulevard sem brilhos
À hora azada, sem quaisquer escolhas --
Nossos equívocos são nossos filhos.
Matamos Deus? Foi só bravata? Importa
Passar além, varridos feito folhas
Que um vento faz dançar à nossa porta.
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