VALENTINA MÁRTIR
Que tão grande Calvário p´ ra tão pouca idade
Tiveste tu, Valentina, em teu segredo imenso
Da passagem existencial pela precariedade,
No envolver, quem sabe, dum mistério denso
Desta tua partida, que deixará saudade…
No meio de dois fogos, sem conformidade
Entre duas famílias com ideal suspenso,
Sem dar sossego ao teu instinto de ansiedade,
Quem é que ousou cercear, sem o teu consenso,
Os teus juvenis sonhos de justa liberdade?
Ninguém acreditou, parecendo imprevisível
Que um pai, ou uma mãe, fosse mesmo capaz
De pôr um ponto final, de uma forma horrível,
À tua curta vida, já de si tão frágil e fugaz,
Sem que a Providência o fizesse demovível…
Valentina, quem é qu´ hoje ouvirá teu choro
Entre todos os teus iguais na Eternidade?
E qu´ outro grito poderá contigo fazer coro
Contra os tiranos que respiram a fealdade?
Dorme agora, tu, Menina coração-de-ouro!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA