A CARTA

Nesta carta amarelada em bolor

pelo tempo, o laço fino, elegante,

que adornava a letra viva, brilhante,

hoje jaz abandonada, sem cor.

O papel tão perfumado de amor,

de esperança em ter na vida um instante

da paixão, do sentimento intrigante,

que as palavras não se podem dispor.

Nesta carta de um amor fugidio,

abriguei minha maior aventura,

perfumada pelo instante sombrio.

O papel serve à caneta da vida

e, ao servi-la, renuncia a brancura

às venturas que a paixão me convida.

(soneto experimental)

Jean Marcell Gomes Albino
Enviado por Jean Marcell Gomes Albino em 09/05/2020
Código do texto: T6942468
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