Soneto da sentença
Um dia não será assim, bem sei!
Entendo, entenderei talvez, o ato.
Os lábios que eu outrora fiz-me rei,
Serão como as vitórias de um passado!
E as cicatrizes do meu peito eu hei
De amá-las, como lei do velho estado.
Caio de pé! Teus lábios levarei
Como a bonança, então de haver-te amado!
Pois quando a profecia do destino
Soltar a voz no grito da sentença
Acatarei! Um réu que aguarda a cela...
E um prisioneiro por haver cumprido
O mando do desejo, a chama, a crença
Da profissão que foi, amar-te, oh bela!