PÁLIDA TEXTURA
Falar do mundo atroz, tão triste e frio...
É a cruz na qual, constante, a vida o prega.
De tão pesado, é o fardo que o carrega
nas direções e fins, algum desvio.
É como flutuasse em raso rio,
à frente inexistente à vista cega,
indiferente ao tudo em sua entrega,
tal folha ressequida em chão baldio.
E quando tenta alguma inspiração,
poema empanturrado de ternura,
percebe o quão ridícula, a intenção;
pois caso saia um verso de brandura,
o desesperançado coração
a pena risca, em pálida textura.