EM OBRAS
EM OBRAS
Estranha estrada a dar-me ofício aos ossos
Esta que no final manda-me às favas!
Em obras, todavia, deixo oitavas
Inacabadas face a embargos nossos...
Minha vida são épicos destroços,
Feito escória do chão vinda das cavas.
Eu nos livros livre escrevo escravas
As letras em seus muitos alvoroços.
O leito carroçável e a sarjeta
Do trecho interrompido a canetadas
Na frase onde tropeça todo poeta
Se m'espalha na poeira das estradas,
Sou quem se consome a alma inquieta:
Um-mestre-de-obras-primas-quase-nadas.
Betim - 18 08 1999