Setenta e Cinco Anos
(A propósito de uma bodhichitta aspirativa talvez nascente)Hoje, ao completar setenta e cinco anos
Com virose estranha sacudindo o ar
E o passado aos ombros, mas sem novos planos,
Tenho a morte e a vida para celebrar!
À rondante morte agradeço os danos
Que ao meu ego impôs, fazendo-o sangrar
De seus devaneios, infantis enganos
Só tentando fora o mundo transformar!
Já à Vida Eterna, que é meu próprio Ser,
Agradeço o instante em que posso colher
Relativa ausência das pressões do ego...
E na paz que chega... funda, transcendente,
Me derreto em luz, vibrando na semente
De meu buda interno em que cujas mãos me entrego!
Campo Grande, 28/03/2020