SOMBRIO AMOR
E agora eu me procuro em cada olor,
qual pétala esquecida pelo instante.
Assim, a letra mestra, a mais brilhante,
perdeu o brilho, o encanto, a vida; o amor.
Por muito procurei-me em teu semblante,
qual colibri que sempre beija a flor,
coopera co'o florir, seja onde for,
ainda que a roseira não se encante.
Talvez o meu destino cumpra um rito
e a letra renegada, sem ventura,
viveu um amor maior que o infinito.
Talvez de tanto amar perdi meu brio.
O escuro travestiu-se de brancura
e todo o meu amor se fez sombrio.