DESTEMPERO
DESTEMPERO
Ninguém me julgaria o destempero
Fosse eu ainda um homem mais ameno.
Clamando aos quatro cantos no sereno,
Eu bebo muito mais do que tolero...
Se dos outros eu pouco ou nada espero,
É porque tenho marcas de pequeno.
Ácido, em minha boca igual veneno,
Eis o esplêndido fel que vitupero!
Cético das alheias alegrias,
Eu gargalho de suas fantasias
Onde há tão-só engano, não verdade.
Se há muito evito temas comedidos,
Faço versos a gritos parecidos
Imerso n'uma dúbia insanidade,
Belo Horizonte - 18 04 1998