FLECHA
Na imagem, fatia de afável lembrança
ao ir suavemente do curso de um dia...
Morava naquele passado criança
a tão plenamente abraçada harmonia.
Retorna ao momento da fotografia
a mente cansada do agora em tardança,
o ameno intervalo de seda esperança,
que ria à, que é hoje mortiça, poesia.
Maldiz a imbecil e passiva candura
do instante em que já se doía carente,
sem pão e respeito, futuro, sem cura.
No entanto, na raiva ardorosa que sente,
entende que a mesma poesia inocente
também, às batalhas, é flecha e armadura.