SUBLIME
SUBLIME
Estou triste esta noite, muito triste.
Talvez até capaz de fazer versos...
Como se eu ou meus eus ora dispersos,
Cantassem toda a tristeza que persiste.
N'esses inúteis versos o eu insiste
Em por minh'alma vã se outrar diversos.
Eu sou um deus que a criar-se multiversos
Distrai-se sem saber sequer se existe...
A inexacta medida do sublime
Na noite ecoa vozes sacrossantas,
Cujo cantar alhures me redime.
E ainda que através de mil gargantas,
Eu m'exijo um verso que legitime,
Ser triste, muito triste, vezes tantas...
Santa Bárbara - 23 08 1996