RETORNO...
[Para Sônia Barradas, minha primeira namoradinha
do interior, lá na antiga feitoria, Piauí, no clube do
Zé Vaniz e nós dançando na tertúlia ao som da
radiola, dos discos de vinil]
Quando eu voltei, não encontrei meus passos,
Tudo era deserto e eu vi no tempo a fumaça...
As mulheres que tinham na cabeça a cabaça,
Não mais havia... Percebi, cortei cedo os laços!
Desgraça desse tempo que nos traz e logo leva...
Faz nascer, envelhecer e inevitavelmente morrer!
Quanta tristeza no retorno, covardia e pura treva...
Não mais amigos a brincar, nadar e por aí a correr!
Só a “pura gota de amargura no cálix de felicidade”,
A dor, as lágrimas e a saudade de todos e de tudo,
Ah, Deus! Onde foi parar a minha tão pacata cidade?
Antes até que me respondas, me calei, fiquei mudo...
Não entendo esse mistério do tempo e desse espaço,
E penso, em que solo cruzarei pra sempre meu braço?
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 14.07.2016
22h03min [Noite]
Estilo: Soneto