IMPEDIDO DE SOL
É como fosse um buraco escuro,
um vão no tempo que escoa à frente
da vista débil e quase ausente.
Tal se esquecido por trás do muro.
Sem ontem, hoje, nenhum futuro,
projeto, esperas e ação luzente.
Entregue a verme voraz, com dente,
que habita o pútrido mais impuro.
À descoberta cruel que o nada,
embora pleno de tanta ausência,
aperta com magistral doer.
Como alma pávida, atormentada
a ser à sombra da consciência,
mas impedida, no sol, de ser.