INVÓLUCRO FERIDO
Ao Leitor que um dia conhecerás a história da Condessa de W.
Se acaso fordes vós um escolhido
E o Fado despejar em vossos pés
À beira-mar, quem, ó leitor querido,
Desfez-se em mil procelas e marés,
Não temeis este invólucro ferido,
Banhado em maus auspícios de Amor,
Nas mãos do vil Netuno revestido
Por tensas e pesadas ondas de dor.
Não negueis quem, ó meu leitor querido
Das negras profundezas do horizonte
À tona em furor cruel e desmedido
Perante vós se entregue e se desmonte.
A vós dê um canto novo e aturdido,
Buscando a doce lágrima da fonte.