BARRO E LODO

Eu bem queria aguar diante do funesto,

para afogá-lo, pedra à mão em meu revide;

lutar, bravio, contra o bicho atroz, molesto

da presunção, mostrar que sou o que decide.

Eu bem queria audaz, potente cada gesto

de mansidão e bom intuito (eu brando à lide),

que me afastasse o efeito acético, indigesto

da verborreia algoz de iguais, a vil envide.

Contudo estou demais imerso ao próprio monstro

de hipocrisia e medo, helmintos asquerosos

que me pressionam barro abaixo, podre todo.

A força, a segurança aos ventos, que demonstro,

não passam de artimanha, engodos venenosos,

que escondem meu covil verdade sob o lodo.