A VERDADE DOS FALSOS
Espalha sementes no extenso terreiro,
que logo se tornam tapetes e mantas
de flores à brisa, frescores de cheiro;
e encanta os que pagam-lhe almoços e jantas.
E vai-se, bonzinho, canteiro a canteiro,
Ilude existências com rosas e plantas;
e à santa labuta, o servil jardineiro
esconde carências fartíssimas, tantas...
À noite, a família, os meninos descalços...
No pobre barraco, um calor de fornalha,
sem flores e espaços e de ar rarefeito...
O tal jardineiro é a verdade dos falsos,
que habita, na essência, um casebre de palha
e encena a nobreza defunta em seu peito.