NO SI VÁ...

[Para Verônica, amiguinha do primário da

minha infância que a fumaça do tempo levou]

Quando parti, levei apenas a lembrança do que um dia

Se pensou fosse um amor verdadeiro, meu e teu, amor!

Momentos que já estavam eternizados, eu não imaginaria

Fossem se perder assim, como cinzas e em tanta dor...

Em meus mais sinceros e puros planos estava reencontrar

Aquela que um dia foi o grande amor de toda a minha vida...

A princípio, com emoção, queria apenas, encanto... Te olhar,

Esquecer para todo sempre que houve um dia uma partida...

Anos se passaram até que vislumbrei, o dia, tenuemente...

À luz do entardecer lento e quente, eu, enfim, te encontrei!

Todos os desejos me vieram... Te amaria, assim, loucamente!

Gélida, trêmula e receosa, assim, alheia a todas as lembranças,

Tu ali, a me olhar, intrigada, parecia que teu desejo, eu frustrei...

Fiquei sem entender... Tive medo de magoar... Pobres crianças!

II

E pensar que suportamos tantas dores, desencontros, traições!

Mesmo assim seguimos a vida... Sempre juntos nos imaginando,

Quis o destino não nos unir para sempre... Fantasias e ilusões...

Em décadas povoaram minha mente! Imagens fui assim criando!

Irrealidades que só cabiam mesmo na minha pobre memória...

Nunca quis te ferir, ver tuas lágrimas... Me perdi em mim mesmo!

Perdão, amor, tuas palavras foram muito dura e na minha história

Certamente não cabe este absurdo! Perdi o chão, andei a esmo...

Como assim te querer apenas para satisfazer meus desejos?...

Julgas-me que tenho uma vida degradada, modo de vida vil?!

Expulsar fantasmas, esquecer o passado... Estes teus lampejos

De loucura me assustam! Fomos atores da mesma cena, viu?!

Decepcionado, já quis desistir... Mas, mais uma vez serei forte,

Tudo vai ficar bem, quando enfim, calar-me a vida, com a morte...

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 24.02.2015

16h02min [Tarde]

Estilo: Duplo Soneto