PAREDES MOVENTES
Liberta pela voz famélicas serpentes.
Olhar fulmina em flecha aguda, feita em brasa.
O pensamento é águia em voo, ao léu, sem asa,
tramando o ataque atroz: perigos iminentes.
Trucidam, suas mãos, esquilos displicentes
de crença amena, flor de enfeite frente à casa,
porque dessabem quanto o seu veneno arrasa
a delicada e leve aldeia de inocentes.
Todo entranhado ao fel, que o seca em árduas sedes,
coração é quarto em que andam as paredes
a se fecharem, ao redor do que o desdiz.
E nunca mais o sol, ao plácido infeliz...
Assim tornou-se o bruto escravo da ignorância,
que procurou guarida, um dia, na arrogância.