LAMA
A lama esbranquiçada o engole, vagarosa,
com fardos de paixões, anseios e conflitos
nos ombros com vergões de ardidos infinitos.
E sangra em meio à gosma, agora, cor-de-rosa...
Parece até que toda a natureza goza,
de boca aberta, o céu vomita seus atritos
e os animais, no cio, emitem roucos gritos,
ao vê-lo se envolver à lama pegajosa.
E se debate em vão, chorando endoidecido
no mar de barro edaz e vivo, em que é comido!
E mais e mais se atola em seu mortal furor!
Do nada, avista, a alcance, um galho pendurado
e o prende ao corpo, mas mantém-se em mesmo estado,
pois se afundou demais na lama do temor.