OLHOS COM FARPAS

Com farpas e lascas lançadas dos olhos,

perfuras, sem pena, esperança e pureza.

Teu ódio não poupa sequer os restolhos

da escassa lavoura da delicadeza.

Aos ácidos sais, em cristais, de aspereza,

derretes, na entranha de fel, capitólios

do amor liberdade que alçou a beleza

de par desigual a se ver sem antolhos.

Não queres, covarde, que existam paragens

de novas, diversas, viçosas paisagens,

perdidas, distantes da aldeia comum.

Teus olhos com farpas, voraz preconceito,

entrevam os rios, nas margens, no leito.

Enterras milhões em jazigo pra um.