PANDEMIA
Acordo durmo e tome pandemia
Almoço janto e nada de outro assunto
Ligo dez vezes e a linha está vazia
Encaixotado em casa, sou defunto
Sem data pra acabar esta agonia
Sem secretária, sem outro pé junto
Abraço a geladeira em noite fria
“Como posso morrer?” Enfim, pergunto
Rezo pai-nosso e vinte ave-maria
Emendo um hare-krishna no conjunto
Fora de forma, penso uma ousadia
Cheio de olheira, assim me desconjunto
De madrugada, nu, dormindo à tarde
Morrendo lentamente, vou, covarde