EM SEGREDO
Duas da tarde. Bateram mesmo á porta,
Foi um mendigo, qu'estava a mendigar,
como sempre, quase ninguém s'importa,
porém, isto deu-me mui que pensar.
Sua vida vivida, coisa mui morta,
que pena me fazia ver sem lar,
Vestia-se de misérias e do azar,
Em segredo me dizia o que comporta.
Em segredo, ás vezes me pedia,
---- por favor, uma côdea de pão!
Eu lhe dava e a esmola lhe crescia!
Ele continuava sem habitação,
e o poeta mui triste perguntava,
---- Como se chama? Ele com medo não me falava.
LUÍS COSTA
18/12/ 1991