ÆDES FICTUM

ÆDES FICTUM

Os olhos veem o espaço em forma mais volume

E os planos sob a luz no desenho se tomem:

Verdade obra a Beleza em mãos de gentil-homem,

Que submete a Natura os signos e ao costume.

Qual fora a Torre erguida em adobe e betume,

Da extrema confusão os sons todos se domem.

Onde uma arquitetura extravase do abdômen

Em gritos e ecos vãos para o infinito cume...

Os olhos veem o vácuo ao sólido habitado

E, ao gizar abstracções, o concreto se desdobra

A fim-de que a existência eternize-se na obra.

Eis: Forma e conteúdo hão enfim concordado

Em templo feito pelo homem e para os seus

À abóboda celeste onde habita tudo Deus.

Belo Horizonte - 06 11 1999