EXISTENZMINIMUM

EXISTENZMINIMUM

Arranha-céu arranha ao léu o fundo d’alma,

Ao m'esconder o céu como se fosse seu.

Sobra-me a sombra sobre... Um prumo o rumo deu,

Me obscurecendo o sol na tarde que cai calma.

Subo andares andando 'inda co'os pés em palma

E a altura altera a vista ao que baço avisto eu

-- Não sei se acrofobia ou miopia ao olho meu --

Que me sumisse o chão segundo antigo trauma...

Prédios me prendem entre esquadradas paredes.

Pedra e cal, tal-e-qual qualquer apartamento

Aparta a mente insã nos nós de tantas redes.

Aperta o Ser a exígua aldeota de cimento,

Que, sem céu, sol ou chão, as insapientes sedes:

Moradia onde habita o único pensamento.

Belo Horizonte - 20 04 1993