SONETO INÚTIL

Essa máscara é inútil, face ou farsa

Que atenue a verdade insuportável,

A mentira aprazível, não disfarça

O que em nós é carcaça incontornável.

Eis o mal convincente em névoa esparsa

Constrangendo seu bando lamentável,

Cada pio melodia ao seu comparsa

Na procissão mais inacreditável.

Há cadáveres frescos nas fronteiras

E silêncios à espreita no futuro,

Sob tal máscara insânias costumeiras.

Respiremos no abril de engano e medo

Quanto reste, aos pulmões, desse ar escuro,

Patológico, sim...que ainda é cedo.

...

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 12/04/2020
Código do texto: T6914796
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