SONETO INÚTIL
Essa máscara é inútil, face ou farsa
Que atenue a verdade insuportável,
A mentira aprazível, não disfarça
O que em nós é carcaça incontornável.
Eis o mal convincente em névoa esparsa
Constrangendo seu bando lamentável,
Cada pio melodia ao seu comparsa
Na procissão mais inacreditável.
Há cadáveres frescos nas fronteiras
E silêncios à espreita no futuro,
Sob tal máscara insânias costumeiras.
Respiremos no abril de engano e medo
Quanto reste, aos pulmões, desse ar escuro,
Patológico, sim...que ainda é cedo.
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