Temporal
Chuva indomável colide em sólidas pedras,
Na brecha fina de um letárgico sentimento,
Envolvendo inércia, neurálgico argumento,
Distante pretérito que foi zelado em dobras.
Fulgores clareiam tudo e o raro retrato,
Taciturno e esquivo baila à minha frente,
Com um sorriso melancólico e imprudente,
Daquele que existiu e não supôs maltrato.
A natureza rude e gritante me oferece,
O ensejo de partir da mesmice rotineira,
Jogando a tela ao chão com o saraiveiro.
Unindo os pedaços do passado que fenece,
Palco que amparou recordações sofridas,
Por fim busco remediar as arcaicas feridas.