SOPA DE OSSOS

SOPA DE OSSOS

D'olhos abertos veria aqui estar

Outra verdade além impercebida,

Ao invés de contemplar-me sem-saída,

Havendo em vista os outros do lugar:

São hoje companheiros de manjar, 

Que têm na sopa de ossos sobrevida… 

Em derredor do lume sendo servida, 

Àqueles que se aquecem sob o luar…

Mas súbito sucumbo à metafísica,

Desanuviam-se as faces macilentas...

Carnes dadas a vermes pela tísica...!

Abandonado a um canto, eu olho e vejo:

Como se sombras mesmo nevoentas,

Dos morituros o último desejo!

Betim - 20 10 1999