SONETO CINZA

À margem de si mesma a cada sina,

Rasura de quem foi num tempo morto,

Suporta a penitência que confina

As horas de seu dia cinza e torto.

A névoa de seus sonhos de menina

Retorna qual lembrança vil de aborto

Ferindo as formas do que contamina

No aqui desse durar seu desconforto.

Não podem resgatá-la de si mesma

As silhuetas errantes do em redor,

Sem rumo aqui, sem ramos, sem Quaresma...

E assombra a espera, em sinos descabidos,

A frase dissonante, em pura dor

Dispersa feito sonhos abolidos.

...

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 12/04/2020
Código do texto: T6914406
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