SONETO INDECISO
De ser tão pleno de vazios fica
O dia em cinza e dor no que é mais meu,
O vórtex de silêncios que me explica
A fuga dessa luz que enlouqueceu.
Em tudo que a mudez terá de rica
Logrando insinuação do mesmo céu
Que aos longes pesa, a angústia dignifica
O choro desse horror que mal nasceu.
Lá fora uns passos poucos, indecisos,
Sem rumo, só o silêncio está cantando
Em dia à míngua de razões e risos.
Disparos entre esperas e suspiros
Já raros, em geral tão só bastando
A cada tolo um truque, um dolo, um vírus.
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