SONETO AUSENTE
A alegria partiu, divina e alheia,
Dos dias longos dessa morte em vida
E o que ficou não canta o amor, apnéia
Do abril sem tino, nota de suicida.
Angústia em goles dessa taça cheia,
Em tristes dias de razão vencida,
Nem toca o quanto fui se volta e meia
O espelho alude a portos, a partida.
Ouvi meu nome nas canções do vento?
Errei pelas calçadas silenciosas
Desse instante sem fim, todo lamento?
Parti num verso que já não repito
E um outro amarga as horas rancorosas,
Os dias brancos desse outono aflito.
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