SONETO ARDENTE

Desejo, o amor que no outro a si perscruta,

Encerra em si o querer que nunca morre --

Germina no ermo, é ser sem termo, ocorre

Enquanto pura fúria resoluta.

É chama primitiva na absoluta

Voragem de durar sem cinza ou porre,

É o corpo em plena queda de alta torre

Ardente, é o brilho intenso à mente arguta.

Subverte tempo e espaço, crises, medo

Em quanto prove e em si fulmine, essência

Ou potestade além de qualquer credo.

Nós, órfãos caricatos da prudência,

Seremos do Desejo só o brinquedo

Usado e então perdido em displicência.

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 04/04/2020
Código do texto: T6906270
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.