QUARENTENA

Recluso dentre as certezas que habito,

a vida já não é tão evidente.

Encarando a incerteza frente a frente,

alisto-me no exército de aflitos.

Na rua, sala, mente, onipresente...

O vírus se esparrama mais que o grito

que preso na garganta é veredito,

a réus que se declaram inocentes.

Quisera ter o beijo desprezado,

dos lábios enjeitados no passado,

para aquecer em mim o mais que humano.

Meus lábios só se prestam às lamúrias...

Do beijo desejado, resta a fúria.

E o humano se resume a álcool e pano.

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 03/04/2020
Código do texto: T6905288
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