Saudades

É muita saudade que aqui carrego

Não sabes o quão em ti eu me vejo

Se expusesse em luz todo o meu desejo

é certo d'Amor eu estaria cego.

Te querer me retém aos próprios pregos

Tais mais ardentes que o sol sobre o Tejo

Mas longe estão da paz d'um vilarejo

Que outrora eu muito quis e agora nego.

Se tu me amas, que cesses tantos danos.

Livra tu das quiméricas excusas

que formam dunas com o passar d'anos.

Mas se o teu querer for n'um todo inverso

Rogo-te o meu livramento, Óh Vil Musa,

Da tua candura que hoje eu sofro imerso.

Elton Otoni
Enviado por Elton Otoni em 30/03/2020
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T6901209
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