Saudades
É muita saudade que aqui carrego
Não sabes o quão em ti eu me vejo
Se expusesse em luz todo o meu desejo
é certo d'Amor eu estaria cego.
Te querer me retém aos próprios pregos
Tais mais ardentes que o sol sobre o Tejo
Mas longe estão da paz d'um vilarejo
Que outrora eu muito quis e agora nego.
Se tu me amas, que cesses tantos danos.
Livra tu das quiméricas excusas
que formam dunas com o passar d'anos.
Mas se o teu querer for n'um todo inverso
Rogo-te o meu livramento, Óh Vil Musa,
Da tua candura que hoje eu sofro imerso.