DESOLADO [862]
DESOLADO [862]
Sozinho um de batina o vasto pátio cruza.
Vai o Papa Francisco celebrar a missa.
Vinte e sete de março, sexta, a brisa atiça.
De São Pedro na praça, chuva quase intrusa.
A Humanidade toda, agora, até postiça,
de um tal coronavírus a vestir a blusa,
em copas a esconder-se e bem reclusa,
perde vidas, à beça, a rodo, sem premissa.
Do pontífice vê-se ao rosto um cadeado,
tal angústia do papa aflora àquele rosto
de homem só, deveras triste e desolado.
Jamais eu fora a um cristão mais solidário:
e do papa nas faces só lhe vi desgosto
– lia ele dos seus, talvez, algum calvário
Fort., 29/03/2020.