SONETO INSOSSO

São tempos de ser claro, curto e grosso,

Não de missiva sem destinatário,

Desesperada em tudo, o estilo insosso.

Se o tema é obscurecido nos pendores

Do fraco -- 'escravo', diz Evola -- é hilário

O desdizer covarde e mais horrores.

Ah, cabeça de bagre, vê se escuta :

Vá babar sua arenga, com seus pares,

Aos pés da audiência certa, a mais matuta,

Apanha dela aplauso, meus pesares...

Estupidez é a Besta -- em sua gruta

Não há vestígio do sublime, altares

Ou beleza -- faminta, sai, arguta,

À míngua de pudores e cantares.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 28/03/2020
Código do texto: T6899595
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