SONETO INSOSSO
São tempos de ser claro, curto e grosso,
Não de missiva sem destinatário,
Desesperada em tudo, o estilo insosso.
Se o tema é obscurecido nos pendores
Do fraco -- 'escravo', diz Evola -- é hilário
O desdizer covarde e mais horrores.
Ah, cabeça de bagre, vê se escuta :
Vá babar sua arenga, com seus pares,
Aos pés da audiência certa, a mais matuta,
Apanha dela aplauso, meus pesares...
Estupidez é a Besta -- em sua gruta
Não há vestígio do sublime, altares
Ou beleza -- faminta, sai, arguta,
À míngua de pudores e cantares.
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