MAR ICÁRIO

MAR ICÁRIO

Alimentando de sonhos sua mente,

Enchia de visões seu triste lar.

Logo, só ao sol, faz-se-lhe agitar

Asas de cera e penas, displicente.

Voa alto, preocupando-se somente 

Em do sol forte não se aproximar, 

Enquanto atravessava o imenso mar

E avistava terras jônias do oriente.

Contudo, tendo aberto todo o céu,

Suas asas derretem sob o sol 

Até que se precipite n'um tropel.

E o mar que testemunha seu estol

Sepulta seu destino tão cruel

Onde de Ícaro o nome fez-se atol.

Belo Horizonte - 30 07 1992