VIDAS IGUAIS

(Interação ao poema O Esterco e a Rosa, do

Piauiense Armengador de Versos)

No fundo de um vaso, o gentil estrume

Alimenta e sustém a bela rosa,

Que a quem passa se mostra vaidosa,

De sua beleza e de seu perfume.

Sua vida a nada se resume,

Mas que em sua faina dadivosa,

Mantém de pé a orgulhosa rosa,

Que pavoneia como de costume.

Minha vida é igual à do adubo,

Que serve de escada a quem não presta,

Sem ser lembrado na hora da festa.

Também padeço com estas mazelas,

Para igual peste que o mundo infesta,

Carrego escadas, mas não subo nelas.

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O ESTERCO E A ROSA

Num jarro muito bem ornamentado,

Ao centro de uma sala majestosa,

Igualmente reinava a bela rosa,

Cheia de si, igual chefe de estado.

Soberba e de ar a nada comparado,

Exibindo sua cútis perfumosa.

Inquire de soslaio, orgulhosa:

- Quem pensas que és tu, ser execrado?

- Eu? Não sou nada. Apenas te dou vida,

P’ra que sejas assim tão presumida.

E desdenhes de quem te faz o bem.

Daqui de baixo nutro-te as raízes,

Para que tenhas tão lindas matizes

E o mundo inteiro diga-te: amém!

Piauiense Armengador de Versos

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 27/03/2020
Reeditado em 28/03/2020
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