VIDAS IGUAIS
(Interação ao poema O Esterco e a Rosa, do
Piauiense Armengador de Versos)
No fundo de um vaso, o gentil estrume
Alimenta e sustém a bela rosa,
Que a quem passa se mostra vaidosa,
De sua beleza e de seu perfume.
Sua vida a nada se resume,
Mas que em sua faina dadivosa,
Mantém de pé a orgulhosa rosa,
Que pavoneia como de costume.
Minha vida é igual à do adubo,
Que serve de escada a quem não presta,
Sem ser lembrado na hora da festa.
Também padeço com estas mazelas,
Para igual peste que o mundo infesta,
Carrego escadas, mas não subo nelas.
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O ESTERCO E A ROSA
Num jarro muito bem ornamentado,
Ao centro de uma sala majestosa,
Igualmente reinava a bela rosa,
Cheia de si, igual chefe de estado.
Soberba e de ar a nada comparado,
Exibindo sua cútis perfumosa.
Inquire de soslaio, orgulhosa:
- Quem pensas que és tu, ser execrado?
- Eu? Não sou nada. Apenas te dou vida,
P’ra que sejas assim tão presumida.
E desdenhes de quem te faz o bem.
Daqui de baixo nutro-te as raízes,
Para que tenhas tão lindas matizes
E o mundo inteiro diga-te: amém!
Piauiense Armengador de Versos