SONETO INSONE

Modorra a madrugada -- da janela

Divisa a lua, exígua, itinerante

Em sonho alheio, pouco interessante

À hora extrema, a angústia de perde-la.

A convulsão de rubros numa tela

Ferida por um louco toma o instante.

A paz é o continente mais distante

Do agora, abstrusa a mágoa de quere-la.

Se o pio de aziago pássaro em seu ramo

Desdiz do sol que cedo ou tarde vem,

Lamenta-se a si mesmo : 'Ah, já não amo...'.

E o dia, que por ele é só desdém,

Trará razões pelas quais não reclamo

Por tão pouco e de tudo e por ninguém.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 27/03/2020
Código do texto: T6898603
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