Ridículo
Ridículo o homem, velho e não conciso
Fulgor vencido, desejo pérfido, infame
Saliva a boca, os olhos come, vexame
Onde o gozo jaz, e já não lhe é preciso.
A ânsia acende, morre a fome, espanto
Soberba, orgulho, inefáveis e sem brio
Um meio homem, animal quase no cio
Libido inversa, o espírito e o encanto.
Perece a estranhos olhos, sua amargura
Posto que o néctar, a linfa e a aventura
Não mais fecundos, mórbido ventrículo.
O coração se sabe, uma artéria sofrida
O cérebro, a máquina não envelhecida
Morrer também, ser-lhe-á ridículo.