AMANHECER

AMANHECER

Admiro o fim da noite da janela.

Desce às serras a lua já minguante,

Enquanto n'um clarão chega, destoante,

A aurora airosamente clara e bela.

Melancólica a lenta vinda d’ela,

Perseguida p'lo sol ainda infante,

Que vai amanhecer qualquer instante,

Enquanto o firmamento se desvela.

Antes do sol nascer detrás do ramo,

Eu tive a paz que há muito não sentia,

Alheio ao que lamento ou que reclamo

Começa em soledade mais um dia...

Na cabeça, saudades de quem amo;

Nos olhos, longe o sol resplandecia.

Betim - 10 12 1991