soneto da jovem senhora

havia flores desfeitas

havia voos fenecendo

havia o sabor das vespas

esse mel sem adstringência

ela colheu crepúsculos sem pressa

desabou tristezas na varanda

atravessou a solidão mais seca

e se afogou na estrela

dizem que o mato se esconde

nos delicados passos da chuva

dizem que só os pássaros sabem

quando a morte pousa sem música

ela é toda sorriso e perfume e adaga

onde havia carícia hoje é tsunami

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 23/03/2020
Código do texto: T6895327
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