AO NADA

Montar em seu temor, à toa, à ventania,

sair perdidamente em busca do insabido,

assim, sem termo e rumo, à solta, à revelia,

a anseio inconsequente, instável, incontido...

Achar ardente sol que esquente a aurora fria

que o reduziu a gelo; aguado, vão, polido...

Precisa do calor da gana e da ousadia,

também mandar à merda o anjinho colorido.

Sentir que a liberdade agora lhe pertence,

vivenciar até o insano em ser nonsense

a desbravar o chão que ao nada levará.

Sugar, a toda força, o ar que vem dos montes;

das águas da ilusão, beber, secar as fontes.

E acreditar que tem o que jamais terá.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 23/03/2020
Código do texto: T6894876
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