AO NADA
Montar em seu temor, à toa, à ventania,
sair perdidamente em busca do insabido,
assim, sem termo e rumo, à solta, à revelia,
a anseio inconsequente, instável, incontido...
Achar ardente sol que esquente a aurora fria
que o reduziu a gelo; aguado, vão, polido...
Precisa do calor da gana e da ousadia,
também mandar à merda o anjinho colorido.
Sentir que a liberdade agora lhe pertence,
vivenciar até o insano em ser nonsense
a desbravar o chão que ao nada levará.
Sugar, a toda força, o ar que vem dos montes;
das águas da ilusão, beber, secar as fontes.
E acreditar que tem o que jamais terá.