O MONJOLO, A BATEIA, O DOUTOR E A FOICE
Da janela, contempla o esquecido monjolo;
no cantinho, perdida, a surrada bateia.
Na lembrança que abriga o passado, o consolo
de que vida é melhor de tocar sem plateia.
Avistando o pomar, sente, às mãos, o tijolo
que, em menino, jogou, de malino, à colmeia...
Ai, Meu Deus! Ai, que ardor! Ai, que dor de ser tolo!
Com saudade, sorri da infeliz, sua ideia.
Ele, agora um doutor, faz, de orgulhos, a enxada;
sem destreza na lida a trotares e coice,
leva às solas dos pés a leveza esmagada.
Na cidade, a ilusão se apagou toda e foi-se
ao encontro do tudo, o disfarce do nada.
E a esperança se fez matagal sob a foice.