Barcamante

A corrente da âncora se partiu

Ambivalente, me largo à deriva

A bordo de uma certeza pueril

Naufrago em dúvidas intempestivas

De tanto desejar o alto mar

P’ra desprender-me das cordas do porto

Hoje só almejo de novo ancorar

Em suas margens, frutos do meu conforto

Sei que estava com o juízo pleno

Quando decidi vir sem um aceno

E deixar de ser barca clandestina

Mas me arrependo de largar meu posto

Mesmo sabendo que em seu porto

Nunca serei a barca preferida.