SONETO DE CONSOLAÇÃO
Ai! Dói-me tanto ver-te assim prostrada,
por tão aguda e viva dor vencida,
e dói-me ver-te desejar o Nada
como melhor, mais belo do que a vida.
Sei que inda sangra muito essa ferida,
porém caminha e segue tua estrada;
confia em Deus, pois d'Ele és mui querida:
Ele é teu guia, Luz, escudo e espada.
Desvanecida então a nuvem negra,
há de surgir o Sol, pois esta é a regra
que comanda dos homens a existência:
a dor bem recebida torna pura
a alma do sofredor e tudo cura,
abre as portas da eterna Residência.