NUM DIA FRIO

O inverno gélido! O ar é frio. O vento

por entre os prédios corta, zune, soa;

e pelas ruas não se vê pessoa

a caminhar. É lúgubre o momento.

O céu é massa informe, é tão cinzento;

Lá do alto cai finíssima garoa.

Cá dentro, no aconchego, vaga à toa,

sem ter objeto fixo, o pensamento.

E vaga a toa por imagens várias;

ensimesmado, esquece as lidas diárias,

e finalmente é que ele chega a ti.

Fica feliz ao ver o teu semblante

e, já incapaz de prosseguir adiante,

fica aquecido, alegre, e então sorri!