DA DOR
Sempre que a dor poética se junta,
Com a dor real que em nós habita,
A dor sentida junto a dor descrita,
Brota dentro do peito uma pergunta.
Por que tamanha dor não cessa nunca,
D’onde vem esta herança maldita?
Dela ninguém foge, ninguém evita
De sofrer em suas garras aduncas.
Orgulho não tem vez, não vale a pena,
Em qualquer ação que a vida encena,
Aonde chega a dor, some a altivez.
Imagino que a dor existe apenas
Pra nos lembrar das nossas duras penas,
E nos mostrar a nossa pequenez.