Ah, mar...

Ó triste e negro espelho deste mar,

Habito no alvo templo do teu senso,

Onde repousa vivo o amor infenso...

Eu sou tudo que o vento ousou levar?

Num tempo que me abrasa devagar

Perscruto as chamas em que me condenso,

Aspiro, mudo, o cheiro deste incenso...

Sou o desfecho do meu próprio altar?

E em ti eu sumo num amor eterno...

Contemplo o panorama tenso, e firme:

Teci um oco enredo em meu caderno?

É... Teu tormento visa compelir-me...

Às ondas? Sonhos, prantos, um inferno...

Ah, mar... Vais em tua onda sacudir-me?!

Gabriel Zanon Garcia
Enviado por Gabriel Zanon Garcia em 03/03/2020
Reeditado em 15/02/2022
Código do texto: T6879447
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