Perversíssima dor no coração!
Perversíssima dor no coração!
Que sabes do que trazes duramente
ao peito juvenil de um inocente
que há pouco era um recôndito botão?
Perversíssima dor! Por qual razão
me abraças com teu ventre de serpente
e mostras-me a peçonha do teu dente
sorrindo sem cravar-me a defunção?
Vês graça nesta dor de que padeço
gritando em solitária apunhalada
todos os sentimentos que conheço?
Vês graça nesta lágrima alagada
que é de um mar ofendido só o começo
e desce como rocha cravejada?
29/2/2020