Perversíssima dor no coração!

Perversíssima dor no coração!

Que sabes do que trazes duramente

ao peito juvenil de um inocente

que há pouco era um recôndito botão?

Perversíssima dor! Por qual razão

me abraças com teu ventre de serpente

e mostras-me a peçonha do teu dente

sorrindo sem cravar-me a defunção?

Vês graça nesta dor de que padeço

gritando em solitária apunhalada

todos os sentimentos que conheço?

Vês graça nesta lágrima alagada

que é de um mar ofendido só o começo

e desce como rocha cravejada?

29/2/2020

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 29/02/2020
Reeditado em 01/03/2020
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