MANUSCRITO
MANUSCRITO
Inútil buscar outra folha em branco
Para me receber o verso amaro;
Tampouco iluminar na noite em claro
Todo o desassossego d'olhar franco.
Forçoso é admitir que não estanco
A chaga d'onde me jorra o sangue amaro;
Malgrado os perdigotos que disparo
Nos versos que de peito agora arranco.
É sempre sobre a noite mais escura...
Fique de próprio punho como alerta
Para os que como eu têm a vida incerta!
Possa quem se valer d'essa leitura,
Saber atravessar a hora sombria,
Em plena escuridão e ventania...
Belo Horizonte - 06 01 2000